Ernesto "Che" Guevara de la Serna (1928-1967) nasceu em 14 de Junho de 1928, em Rosário, Argentina, primeiro dos cinco filhos de Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa, família de origem aristocrática, donos de terras.
A mãe descendia do último vice-rei do Peru e casou com Ernesto (pai), estudante de arquitectura, em 1927. Celia teria papel importante na formação de Che, só inferior ao de Fidel Castro, conforme os biógrafos. Mantinham em casa um ambiente de esquerda.
A mãe é que cuidaria da educação do primogénito, o pai era muito amigo dos filhos, mas era mais distante e gostava da vida boémia. Passaria para o filho porém, o gosto pelo desporto. Che nasceu de oito meses, débil, aos quarenta dias de vida teve pneumonia e antes dos dois anos já sofria a primeira crise de asma. A família mudava muito de cidade, em busca de um clima melhor para o garoto, até parar em Alta García, na região serrana de Córdoba, onde ele iria crescer. Ficava muito em casa, até de cama, por causa da asma, e assim começou a gostar de literatura: Júlio Verne, Cervantes, García Lorca e outros clássicos passam a fazer parte de seu universo.
Che era bom aluno, estudando em escola pública, frequentada por meninos da cidade e da roça, remediados e pobres, e sempre teve facilidade imensa de relacionamento com os outros, já exercitando sua capacidade de liderança. A adolescência será marcada fortemente pela Guerra Civil Espanhola e depois pela segunda Guerra Mundial, quando o pai forma a Acção Argentina, organização antifascista em que inscreve o filho.
Em Córdoba começa a jogar rugby, ténis, golfe, além de se dedicar à natação. Nessa cidade fica amigo dos irmãos Tomás e Alberto Granado, colegas de colégio com os quais viverá grandes aventuras. No colégio, revela-se bom em literatura e filosofia e medíocre em matemática e química - em música e física, um desastre, conforme seu boletim da 4ª série. Desde então é um grande enxadrista, brilhando nos tabuleiros da Olimpíada Universitária de 1948. Aí já terminara os estudos secundários, em 1946, e a família se mudara para Buenos Aires. Pensava em estudar engenharia, mas a morte da avó, à qual era muito ligado e de quem assiste à morte, leva-o a decidir-se pela medicina.
Aos dezoito anos alista-se no serviço militar obrigatório, mas é dispensado por causa da asma, sorte para um jovem de família antiperonista (o exército argentino era então o grande reduto de Perón). Namorador, atrevido e divertido, não pertenceu a nenhuma organização estudantil. Sempre foi relaxado com roupas, camisa fora da calça, sapatos desamarrados e um fascínio por viagens o levaria, em 1949, aos 21 anos, a percorrer, mochila às costas, o norte argentino numa bicicleta motorizada. Em Dezembro do ano seguinte, inscreve-se como enfermeiro da marinha mercante Argentina e viaja em petroleiros e cargueiros para vários países, inclusive o Brasil.
No começo de 1952, fará com Alberto Granado, o melhor amigo, sua primeira viagem, 10.000 quilómetros. Durante oito meses, percorrerão cinco países e a aventura marcará sua ruptura com os laços nacionais. Vai a Machu-Picchu, vai navegar o Amazonas de balsa, vai atravessar o deserto de Atacama, conhecerá mineiros comunistas e povos indígenas. Dessa viagem ficará um diário que vai virar grande sucesso editorial e pelo qual se nota sua crescente politização e o choque que lhe provocam a pobreza, a injustiça e a arbitrariedade que encontrou pelo caminho. O hábito de escrever diários irá acompanhá-lo até seus últimos dias, na Bolívia.
Em Agosto de 1952 decide regressar a Buenos Aires para terminar o curso de medicina, formando-se em Junho de 1953. Não deixa passar um mês e já pega a estrada, dessa vez com outro amigo, Calica Ferrer. Está com 25 anos e não voltará mais para a Argentina. Vai para a Venezuela, com parada na Bolívia, por ficar mais barata a passagem do trem. Fica cinco semanas em La Paz, e assiste ao país vivendo o primeiro ano do governo reformista de Paz Estensoro. Segue então para a Guatemala, passando pela Costa Rica, onde faz contactos políticos e onde sua vida começa a dar guinadas definitivas: conhece em San José dois cubanos exilados que haviam escapado da célebre tentativa de tomada do Quartel Moncada, em 26 de Julho de 1953. Os dois lhe contam a espectacular porém malograda acção de Fidel Castro buscando derrubar a ditadura de Fulgencio Batista a partir do assalto ao quartel da segunda maior cidade cubana, Santiago. Fica amigo dos dois (Calixto García e Severino Rossel) e com eles irá para a Guatemala, onde será apresentados a outros cubanos, no final de 1953.
Guevara está então com 26 anos, é admirador da URSS e deseja se inscrever a um partido comunista de qualquer país que seja, enquanto trabalha como médico para sindicatos guatemaltecos, reunido ainda mais experiência à sua sólida bagagem ideológica. Vai permanecer quase nove meses na Guatemala e conhecer Hilda Gadea, militante política peruana que mais tarde tornará sua primeira mulher. Passa apertos, não consegue exercer a medicina, e tem de vender enciclopédias de porta em porta. O país está passando por grande reforma, conduzida pelo presidente eleito (era o segundo na história) Jacobo Arbenz, que ao tocar nos interesses da poderosa United Fruit Company é derrubado do poder por iniciativa de Washington e com o apoio da OEA, em Junho de 1954.
Che, por sua actuação nos sindicatos, é informado de que corre perigo e se asila na embaixada Argentina. Hilda é presa, mas logo é solta e ambos sairão legalmente do país. Tomaram a decisão de ir para o México, com Hilda já grávida, lá se casam em Agosto de 1955 e têm uma filha, Hilda Beatriz Hildita. No México, onde vai ganhar o apelido de Che, por usar a expressão sempre que fala com os outros, Guevara compra uma máquina fotográfica e começa a ganhar a vida fotografando turistas nas ruas da capital, Cidade do México. E é até contratado por uma agência noticiosa Argentina para cobrir os Jogos Pan-americanos de 1955, que se realizam no País. Ao mesmo tempo, escreve artigos científicos sobre sua especialidade, alergia. Em Junho, é apresentado a Raúl Castro, líder estudantil cubano recém-saído da prisão em Cuba. Poucos dias depois chega o irmão de Raúl, Fidel, em 8 de Julho de 1955, que Raúl apresenta Che a Fidel, passaram um ano e dez meses preso na ilha de Pinos, Cuba, pelo episódio do Quartel Moncada. Fora amnistiado por Batista, a quem derrubaria, com Che, três anos depois.
Chegava ao México para dali dar início à insurreição contra a ditadura em Cuba, instalada desde o golpe militar de 1952. O treino para a luta armada em Cuba começa no México e Guevara se inscreve em Setembro, dois meses após conhecer Fidel. Na madrugada do dia 25 de Novembro de 1956, zarpa do porto mexicano de Tuxplan o iate Granma, com capacidade para vinte passageiros, levando 82 guerrilheiros, entre eles Che Guevara, encarregado de atender os eventuais feridos no desembarque em Cuba. Conseguem chegar a cuba, mas já é tarde, o ditador da ilha já sabe de sua chegada e arma uma emboscada. Muitos morrem já no desembarque, o resto consegue fugir e subir a Sierra Maestra, de onde darão início a luta de libertação de Cuba. Che inicia a guerrilha como médico, mas no decorrer da luta, com actos de coragem, mostra-se não só um médico mas um bravo guerrilheiro capaz de sacrifícios extremos. Então é posto por Fidel Castro como Comandante de uma coluna. Vence batalhas quase impossíveis de serem vencidas. Em 1 de Janeiro de 1959 triunfa a revolução, Che já é o braço direito de Fidel Castro. Á 8 de Outubro de 1967 morre nas selvas bolivianas, morto pelo exército daquele país.
domingo, maio 29, 2005
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