Castelos e fortificações de pedra compõem boa parte da paisagem da Inglaterra rural. Em muitos deles, a passagem do Rei Arthur e de seus leais cavaleiros da Távola Redonda com seus feitos nobres deixou marcas, ajudando a construir suas histórias.
Mas é no sudoeste da Inglaterra, a 150 km de Londres, na cidadezinha de Glastonbury (um dos lugares mais sagrados da Inglaterra) que expedições arqueológicas encontraram não só vestígios de um Arthur em carne e osso como também do seu refúgio, a lendária Ilha de Avalon.
Para muitos respeitáveis estudiosos, porém, não há dúvidas de que a pacata e bucólica Glastonbury de hoje foi outrora a mítica Ilha de Avalon e atrai visitantes de todos os gêneros: românticos fascinados pela história do rei Arthur, peregrinos à procura da herança da antiga religião, místicos em busca do Santo Graal, em busca da energia que emana de Stonehenge que era ligada ao antigo rio Avalon, ainda quando Glastonbury era rodeada por pântanos, enquanto; os astrólogos são seduzidos pela existência de um zodíaco na paisagem, chamado Templo das Estrelas de Glastonbury por Katherine Maltwood.
Pesquisas arqueológicas atestam que os campos de Glastonbury há milhares de anos, foram pântanos drenados, ou seja, a cidade já foi uma ilha, o que reforça sua proximidade com as lendas de Avalon também chamada de "Ynis Vitrin" ou Ilha de Vidro. O nome Avalon tem origem no semi-deus celta Avalloc. Os Celtas a consideravam uma passagem para outro nível de existência.
Segundo pesquisadores, Avalon ainda pertencia ao mundo, a comunidade de lá convivia pacificamente com os cristãos, que ali chegaram pedindo abrigo. Foram acolhidos com a condição de que não interferissem nos cultos e nas tradições antigas. Diz-se que padre José de Arimatéia levou o cálice Graal contendo o sangue de Jesus para a ilha de Avalon (Glastonbury com seus pântanos atualmente drenados).
Em Avalon havia suas deusas e deuses, vivia em harmonia com a natureza, ao seu ritmo, seguindo as mudanças das estações do ano, os ciclos da lua com seus antigos rituais. Viviam lá as Sacerdotisas da Lua e aprendizes dos mistérios e forças da natureza, conheciam a magia, as ervas para curar, os segredos do céu e das estrelas e a música principalmente...Em Avalon onde tudo florescia era iluminada pelo sol.
Entretanto, com o passar do tempo, os padres (não José de Arimatéia, que se “dizia”, teria uma concepção contrária de outros padres) começaram a ver os cultos pagãos como profanos, dizendo que em seus rituais o demônio era adorado, condenando-os. Muitas comunidades pagãs foram destruídas, e a partir de 391, com a consolidação do cristianismo como religião oficial do Império Romano, as perseguições tornaram-se maiores e os cultos pagãos foram totalmente proibidos.
Avalon é uma ilha sagrada. Há muitas eras, pertencia ao mundo, mas hoje, está entre a Terra e o Reino Encantado, cercado pelas brumas que encobrem a ilha e a separa do mundo dos homens.
Inúmeros sítios místicos da Bretanha envolvem uma história particularmente rica e variada, figurando em cultura druida, cristãos, cultos celtas, no ciclo arturiano e na espiritualidade da Nova Era. No entanto, mesmo as associações mais antigas são relativamente novas, se comparadas com os primórdios dos marcos sagrados. Há 6 mil anos ou mais, alguns desses sítios constituíam o solo sagrado de um povo mais remoto – os adoradores neolíticos da Deusa-Mãe.
A Deusa, uma divindade da mãe-terra reverenciada pelas sociedades primitivas em muitas partes do mundo, aparentemente teve seus seguidores na Inglaterra. Em Silbury Hill há uma enorme colina perto de Stonehenge, que teria representado o ventre da deusa grávida. Para erguê-la, seus construtores teriam feito um esforço prodigioso, arrastando cerca de 36 milhões de cestas cheias de terra, durante 15 anos.
A pedra-ovo, considerada símbolo da poderosa mãe cósmica pode possuir uma energia própria: Dowsers afirma que ela emite fortes vibrações. Com quase 40 metros de altura, uma estrutura artificial pré-histórica que alguns historiadores acreditam que ela representasse um olho, um símbolo usual da deusa-mãe. O morro em si seria a íris e o círculo em seu topo, a pupila.
A 1,50 quilômetro a leste de Glastonbury, ergue-se a mais de 150 metros de altitude outra colossal gravidez da terra, o Tor, um cone extraordinário, visível de todas as direções em um raio de mais de 30 quilômetros.
Ao redor de suas encostas os terraços construídos pelos homens formam um imenso labirinto que se enrosca até o corpo. Alguns pesquisadores acreditam que esses caminhos tortuosos foram projetados para a prática de rituais pagãos, na pré-história.
O Tor é coroado pela torre em ruínas de uma igreja dedicada a São Miguel, um célebre caçador de dragões e inimigo dos espíritos do mal.
Os monges medievais erigiram a igreja com o intuito de cristianizar o local e erradicar seus vínculos com reis e deuses pagãos.
O que na minha opinião, este tipo de estratégia nunca funcionou, pois a fé está dentro de nossos corações, em nossos pensamentos e a natureza é a nossa razão principal, não serão templos erguidos pelas mãos de mortais que irão fazer de nós pessoas boas ou ruins.
Cito aqui uma mensagem que tive o prazer de ler no livro da Marion (As Brumas de Avalon) em que diz: Morgana fala...
A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...
Segundo uma lenda celta, a entrada para Annwn, a morada subterrânea das fadas, pode ser encontrada através de túneis e câmaras naturais localizadas debaixo do Tor. Seria através desse portal que Gwynn ap Nudd, rei das fadas, teria partido em caçadas selvagens para encontrar e roubar os espíritos dos mortos.
O Tor de Glastonbury é inconfundível em uma vista aérea. Sobressai de tal maneira na paisagem, que induziu à hipótese de ter servido como referência para a aterrissagem de discos voadores. “Tor” em celta significa Portal, passagem; estaria ali o umbral que permite a passagem do nosso mundo para a ilha sagrada de Avalon.
Uma tradição milenar relata também que está em Glastonbury (antiga Ilha de Avalon) o Poço do Cálice Sagrado (Chalice Well), onde José de Arimatéia, amigo e protetor de Cristo, no ano 37 d.C., teria escondido o Santo Graal, o cálice da Santa Ceia, contendo o sangue de Jesus. O poço fica nas proximidades da colina de Tor.
É um lugar muito apreciado para meditação. De uma fonte, sai uma água pura e cristalina com propriedades medicinais. O sangue do cálice teria sacralizado e tingido a água pura do poço.
Esta é realmente vermelha. Segundo cientistas, devido ao alto teor de ferro no solo. Para os turistas e locais, beber as águas do "Chalice Well" é beber da própria fonte da juventude.
Enfim, Glastonbury é um berço sagrado que abriga muitos mistérios...
sábado, janeiro 29, 2005
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