Morar em Marte é um ideal da humanidade há décadas, apesar de o lugar ser um inferno. Imagine: o frio à noite chega a menos 75 graus Celsius. O ar, composto de gás carbónico, é tão rarefeito que, se alguém andasse por lá em manga de camisa, sem traje espacial, sofreria uma descompressão tão brutal que estouraria. Apesar disso, é muito provável que venhamos mesmo a morar lá, e mais cedo do que imaginávamos.
Há duas razões para essa confiança. A primeira é que as viagens espaciais não devem ficar muito mais tempo somente por conta de órgãos governamentais, como a NASA. Diversas empresas também querem participar do jogo, financiando a exploração dos planetas e satélites do sistema solar. De imediato, o prémio que elas esperam é a possibilidade de explorar o turismo extraterrestre, levando cidadãos a hotéis flutuantes que serão construídos em torno da Terra, ou mesmo na Lua e em Marte.
Estima-se que a indústria espacial já mobilize perto de 150 bilhões de dólares. Esse número está crescendo muito rapidamente e deverá duplicar nos próximos cinco anos. A construção de naves para um voo tripulado a Marte é o alvo prioritário da grana nova que vem por aí.
O segundo motivo para acreditar que vamos habitar Marte é científico e ficou mais forte com o anúncio, este ano, de que ainda existe água correndo no subsolo, não muito abaixo da superfície do planeta. "Com isso será mais fácil transformar Marte num mundo mais agradável, por meio de um processo chamado de terra formação", disse à SUPER o astrónomo Christopher McKay, da NASA. A ideia é levar para o planeta vizinho fábricas de gases que uma vez emitidos se acumulem na atmosfera, aquecendo-a. Entre esses produtos estão o CFC, usado nas geladeiras, e o metano, gerado pelas plantações de arroz. Há ainda o gás carbónico, mas ele não precisa ser fabricado porque constitui 95% do ar marciano.
McKay estima que em apenas 100 anos esse trio gasoso daria a Marte o conforto de uns 15 graus Celsius, em média. O calor, em seguida, derreteria a água que existe nos pólos e no subsolo, em forma de gelo. A descoberta de que também há água líquida, não muito profunda, só aumenta as chances de encher o planeta de lagos e pequenos oceanos. Como diversas plantas se sentem em casa nesse ambiente, Marte trocaria parte de sua típica cor de ferrugem por vários tons de verde.
Só não é possível dar ao vizinho dois traços do cenário terrestre. Um é a gravidade: os futuros visitantes do planeta terão que se acostumar com um peso 40% menor do que o que têm aqui. Isso pode até ser divertido, pois, com essa leveza, dar saltos de 2 metros de altura já não será privilégio de atletas olímpicos. Eles, aliás, deverão saltar o equivalente à altura de suas casas. O outro aspecto, o da falta de oxigénio, é mais chato. Mesmo daqui a um século todo mundo terá que levar máscara e tambor de oxigénio se quiser dar um passeio nas ruas. As casas terão que ser estanques, sem vazamentos, e com boas reservas do gás vital. "Teremos de esperar 1 000 anos até que as plantas absorvam gás carbónico e exalem oxigénio na quantidade suficiente", afirma McKay. Estudioso do assunto há dez anos e confiante na terra formação, McKay diz que ela depende apenas de um primeiro passo. "Só precisamos da decisão de colonizar Marte."
domingo, setembro 26, 2004
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