sábado, setembro 11, 2004

São Horas...

Horas... são horas... só eu sei as horas que correm e me levam obrigada... arrastada! pela mão, desajeitada na minha corrida. São as mães do desesperado destino.
Nas incompletas horas e instantes que se entrepõem entre mim e o presente que a vida me trouxe, ficaram tantos sonhos perdidos que também já lhes perdi a conta. Encontrei ares, perfumes, cores que me segredam ao ouvido que se perderam no passado, e se desfazem; porque, no fim, sao os desperdicios da vida que passou. Só queria entender os momentos exactos em que os meus sonhos se tornaram lembranças. Porque talvez o que sinto agora, o que sou, tornar-se-à somente mais um fragmento que vou esquecer.
Houve sonhos... sonhos que se perderam na estrada que nos leva para toque gélido da realidade. Uma estrada de um só sentido - na qual não se pode caminhar se não para a frente. Mas no deserto em que me encontro agora, por vezes estas ilusões, estas miragens confiam-me segredos que nada fazem se não sentir aquela vontade... aquele misto de saudade do passado com a certeza que o mesmo nos vai acompanhar para o resto dos nossos dias. Aquelas palavras adocicadas palavras submissas a um brilho no olhar - um carinho directamente ao coração. E pensei novamente nos designios do amor, quando vivia para saciar a sede de ti: De (te) ouvir, (te) sentir, uma leve obcessão confiada no destino. Mas jamais cri no destino, e se ele existisse, provaria a sua existência ao castigar-me, ao privar-me das horas que não escolhi. E o que mais me dói é que a saudade e a lembrança vêm temperadas de uma áspera especiaria; picante e doce, mas que corroi a alma por dentro como o acido corroi a madeira verde, por dentro, escorro em lágrimas: e o meu paladar detecta uma leve pitada do meu amor por ti, ao provar esta água salgada.
De qualquer modo... acaricio o céu, e o chão e as cores do inverno que ultimamente se dissipam no ambiente de festa que se vive a minha volta; que pouco a pouco me convida a sorrir, e me conquista. Agarro agora o destino (no qual não- ainda não acredito) e tenho-o na palma da minha mão. Não importa se sim, se não. Horas... são horas em que já não vale a pena depositar pensamentos.
Horas. Horas em que penso em nada mais se em ti.

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